15/05/2013


Há na vida um factor determinante para o sucesso: estrutura mental. Ou seja, a capacidade de concentração, o foco, a determinação, a atitude ganhadora, a coragem de assumir riscos mesmo em momentos em que a “fria lógica” aconselhe o contrário.

É essa estrutura mental que faz com que pessoas que nasceram sem nada se transformem em heróis ou alcancem grande sucesso e riqueza. E é a falta dela que faz com que o oposto aconteça, ou que pessoas sejam derrotadas por problemas insignificantes ou simples falta de coragem de os enfrentar.

No futebol, não podia ser diferente. Uma equipa só é equipa porque um treinador cria uma estrutura com os seus jogadores. Que são unidos pelo talento e pela táctica, mas principalmente pela mente.

O Benfica perde estes dois últimos jogos porque tem à sua frente um homem que não devia ser treinador, mas sim um dos melhores adjuntos do mundo: é excelente no treino e a ajudar jogadores a evoluir. Mas não possui nem uma molécula de capacidade de liderança ou de espírito de vitória. Não possui qualquer carisma, as suas palavras não provocam outra coisa que não motivos de gozo e de ridículo (o Porto também teve estas duas épocas um treinador sem nível, mas é um caso diferente: o Porto tem sempre atrás do treinador, seja o Artur Jorge, Ivic ou Vítor Pereira, um homem que, àparte todas as polémicas, garante essa estrutura mental, o presidente).

Como discuti por aqui há umas semanas atrás, a queda da estrutura mental do Benfica começa no jogo com o Fenerbahce. Com uma equipa pelo menos dois níveis mais fraca, o Benfica fez uma exibição vergonhosa, quebrando o ciclo vitorioso, a confiança e a crença na sua invencibilidade. A seguir, em pleno Estádio da Luz, lotado, num jogo onde a vitória praticamente garantiria o título, o Benfica não conseguiu vencer uma equipa cujo total de salários é menor do que o salário do suplente Aimar. Os jogadores tremeram. Estavam cansados do esforço sobrenatural que fizeram para recuperar da derrota turca? Talvez. Mas acima de tudo tiveram medo, falta de fé. A equipa já não era invencível.

O que aconteceu a seguir, com Porto e Chelsea, é apenas o corolário disso mesmo. Erros atrás de erros. Auto-golos, derrotas nos descontos por erros de posicionamento e lances de bola parada, substituições defensivas mostrando medo, jogadores que, dentro da área, têm medo de rematar. Uma equipa cheia de talento mas sem qualquer estrutura mental.

Nos filmes, o herói começa em baixo e, através de pura determinação, ultrapassa as suas fraquezas. É herói apenas porque tem mais coragem e concentração do que os inimigos, que muitas vezes até são mais fortes e poderosos. Este Benfica é o oposto.

Espero agora que Jorge Jesus (que teve o seu mérito durante estes últimos anos, estabilizou a equipa) entenda que chegou a hora de ir embora e se demita para dar lugar a alguém que pegue na estrutura que está montada e no talento que existe e que o saiba liderar rumo aos títulos.

E o curioso é que tenho a sensação de que ainda vai haver uma surpresa. Tenho a sensação de que o Porto não ganha em Paços de Ferreira e o Benfica ainda vai ser campeão. Mas mesmo que isso aconteça, o problema está todo lá e é preciso mudar.

Obrigado pela estrutura, Jorge Jesus. Mas o Benfica tem que ganhar títulos. É preciso mudar o chip, como ele próprio diz.

Falta apenas que Jesus perceba que ele é o próprio chip.

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02/10/2012

Passos e o estudante

Sobre o estudante que chamou nomes ao Primeiro-Ministro:

O jovem esteve mal. Até porque, mesmo quando o Passos Coelho e os seus amigos fornicam, peço desculpa, fazem gentilmente amor com o país e os portugueses, eles fazem-no sempre de forma educada e até pedem desculpa no Facebook a seguir. Não há razão para dizer asneiras e perder a compostura.

Que vergonha um jovem mostrar através de palavras bem fortes o seu descontentamento! Nunca se viu tal coisa, um acto de rebeldia num jovem!

Acho bem que o puto seja preso e castigado. Até porque é muito mais grave chamar alguém de fdp em público, ou seja, sem qualquer agenda, simplesmente expulsando o que vai cá dentro, do que ser bem educado e cínico enquanto se destrói todo um país.

Nem pensar que o real foco deste tema devesse ser o facto de Portugal estar num patamar de destruição e desencanto tão baixo que ATÉ já um estudante tem coragem de chamar nomes ao Primeiro Ministro à frente de toda a gente!

 Ou, deixando o cinismo de lado, olhando para o que realmente importa e não desviando a atenção para pormenores de treta como as palavras usadas por alguém que vê o seu futuro destruído, quantos mais sinais serão precisos para que esses senhores tenham vergonha na cara e se vão embora de uma vez?

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19/09/2012

O Passos é um Yes Ma'am

Fico profundamente revoltado e não posso admitir que os portugueses andem para aí a acusar o Passos Coelho de ser um mero "Yes Man" da Troika e dos alemães.

A Merkel, por muito que não pareça, é do sexo feminino.

O Passo Coelho é um "Yes, Ma'am".

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17/09/2012

Quanto mais assisto ao The Colbert Report, mais acredito que o Stephen Colbert é o mais incisivo, interventivo e hilariante comediante de sempre. Para quando um espaço destes num canal de televisão português, onde se trate dos assuntos da política nacional e da sociedade com este grau de inteligência?

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16/09/2012

Ontem estive na manifestação portuguesa contra a austeridade em Londres. Num dos bairros mais caros do mundo. Onde ficam os dois edifícios da Embaixada Portuguesa.

Os dois (?) edifícios da Embaixada Portuguesa em Londres ficam situados em Belgravia, junto a Knightsbridge, considerada como uma das zonas mais caras do mundo, bem perto do famoso Harrod's, a mega department store do pai de Dodi Alfaiet, que faleceu com Diana no acidente em Paris.

No Harrod's o luxo impera e compram-se vestidos da Prada desenhados por medida, vestidos que foram usados pelas estrelas de Hollywood na passadeira vermelha, iPods que custam 5 mil libras porque estão incrustados de diamantes, Aston Martins iguais aos que James Bond usa para perseguir os vilões e banheiras de ouro.

É uma zona de luxo indescrítivel, onde Ferraris e Lamborghinis são comuns e os preços dos apartamentos atingem por vezes as vinte milhões de Libras (é raro encontrar um apartamento por menos de um milhão aqui). Obviamente que a nossa embaixada, ou melhor, os dois (?) edifícios da nossa embaixada tinham que ser nessa área, certo?

Durante a manifestação de ontem, alguns ingleses passavam pelo local e olhavam curiosos, mas continuavam o seu caminho, tranqulos. Um polícia, apenas um, afinal não somos conhecidos por ser desordeiros, pelo contrário, somos um povo manso como se tem provado todos estes anos (terá mudado alguma coisa ontem?), passou por lá e cumprimentou os portugueses como se apoiasse o que faziamos.

Mas o momento engraçado aconteceu quando uma família inglesa, dentro de um bruto Audi, abrandou, abriu as janelas e gritou palavras de apoio para a manifestação e contra a austeridade. E, num acto tipicamente português, em vez da multidão aplaudir e agradecer, o que se ouviu? "Vende mas é o Audi!".

Há coisas que não mudam. Com ou sem manifestações.

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20/06/2010

Duarte Pio, Cavaco, Saramago e o Mister Bean

Duarte Pio e Cavaco Silva mostraram ambos claramente, na sequência do falecimento do único Prémio Nobel da Literatura português, a razão pela qual Portugal é hoje um País triste, pobre de corpo e mente, sem moral e sem educação.

O Presidente da República faltou ao último adeus a Saramago. Aparentemente temos um presidente que não é grande sequer o suficiente para esquecer questões pessoais e homenagear um dos maiores baluartes da cultura portuguesa de todos os tempos. Excelente exemplo, “senhor” Presidente. Terá toda a moral do mundo para qualquer discurso que fizer de agora em diante.

Quanto ao pseudo-rei de Portugal, este teve, segundo o tvi24.pt, o desplante de, nesta hora, acusar Saramago de ser inimigo de Portugal. Ora, que eu saiba, fez mais por Portugal um só romance ou crónica de Saramago, traduzidos por todo o mundo, do que fez este senhor em toda a sua vida, sendo rei ou não. Aliás, o único bom contributo que Duarte Pior tem dado a este nosso pobre País é o de mostrar que, por muito maus que sejam os nossos governantes, estaríamos ainda pior se houvesse uma monarquia em Portugal.

E, mesmo não tendo sido um filme brilhante, até Hollywood se rendeu ao talento de Saramago, com “Blindness”, realizado por um dos maiores directores da actualidade. Como piada, consigo imaginar apenas o que na vida de Duarte Pio poderia inspirar um filme.

Talvez uma nova aventura de Mister Bean.

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Um obrigado a Saramago

Esperei dois dias para tentar encontrar algo realmente diferente que expressasse o que a leitura de Saramago significou para mim até agora. Mas volto sempre à primeira ideia que tive. Simplesmente colocar a última frase do "Memorial do Convento", uma dos mais extraordinários romances de sempre e, no caso, o desfecho perfeito do mais comovente e poderoso último capítulo que li até hoje.

Despeço-me assim de Saramago, com quem em tempos, partilhei uma alegria. Estávamos, se a memória não me atraiçoa, em 1998. Saramago ganhava o Nobel da Literatura. Eu tinha acabado de ganhar o prémio "Prosas de Estreia", com o meu primeiro romance, “A Rainha de Copas”. Dimensões completamente diferentes, claro.

Mas, numa sessão de autógrafos, estando eu na fila para que me autografasse o Memorial e o Ensaio, a conversa desenrolou-se, não me lembro bem como. Mas sei que terminou com o Nobel a dar-me os parabéns e a desejar-me sorte para o resto da minha carreira. Lembro-me de quão pequeno me senti no momento. Exactamente como me sinto agora, ao escrever estas linhas.

Mas, ainda assim, não me ocorre melhor final do que este, para dizer muito obrigado a Saramago, o escritor:

"Então Blimunda disse, Vem. Desprendeu-se a vontade de Baltazar Sete-Sóis, mas não subiu para as estrelas, se à terra pertencia e a Blimunda."

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23/05/2010

Um abraço para o Beto

O Beto partiu desta vida e deixou o País realmente mais pobre. Era humilde, simpático e tinha um talento incrível. Uma voz lindíssima. Ainda há duas semanas tinha estado a falar com ele, relembrando um seu concerto que tive a honra e oportunidade de produzir em Peniche na sequência de um dos seus CDs, no Festival Sabores do Mar, lá para 2004.

Parece impossível que a vida seja assim tão frágil. Mas é. É por isso que a temos que aproveitar como se cada dia fosse o último.

Um grande abraço para o Beto e as condolências para a sua família.

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